A cidade sempre me pareceu especialmente bonita em noites de chuva, na verdade, logo após a chuva, quando ainda paira sobre ela o silêncio e a calmaria. A água acumulada no asfalto reflete as luzes da cidade e das estrelas, transformando as ruas e calçadas em painéis coloridos que guiam os passos dos boêmios.
Em noites após a chuva, um olhar mais atento pode descobrir nuances imperceptíveis durante o dia, quando a luz do sol e a rotina de nossa vida tiram-nos a atenção e por vezes nos cega diante de obviedades.
Dia desses, envolvido pelo silêncio da noite, quebrado suavemente pelo som de Bob Dylan que tocava no mp3, fui guiado pelas luzes projetadas em ruas multicoloridas, e percorri o caminho de casa. Por breves momentos pude perceber que a cidade então respirava, mergulhada sob o manto da noite, e dela emergiam figuras inusitadas como uns velhos vira-latas que andava desorientado pelo meio-fio, uma velha senhora debruçada na janela olhando o vazio e um casal de namorados que andava sem pressa, como se o amanhã estivesse distante.
As fachadas dos prédios antigos, os recados pichados nos muros, assim como o jardim bem cuidado da casa de esquina, tudo estava ali, sempre esteve, mas naquela noite, ao som de Bob Dylan, tudo pareceu mais claro. Detalhes simples pelos quais passamos todos os dias sem darmos atenção, assim como os detalhes que deixamos escapar durante nossa vida, e que muitas vezes ficam claros somente após um momento de dificuldade, tal qual a beleza da cidade após a chuva.
Daniel Weber
Em noites após a chuva, um olhar mais atento pode descobrir nuances imperceptíveis durante o dia, quando a luz do sol e a rotina de nossa vida tiram-nos a atenção e por vezes nos cega diante de obviedades.
Dia desses, envolvido pelo silêncio da noite, quebrado suavemente pelo som de Bob Dylan que tocava no mp3, fui guiado pelas luzes projetadas em ruas multicoloridas, e percorri o caminho de casa. Por breves momentos pude perceber que a cidade então respirava, mergulhada sob o manto da noite, e dela emergiam figuras inusitadas como uns velhos vira-latas que andava desorientado pelo meio-fio, uma velha senhora debruçada na janela olhando o vazio e um casal de namorados que andava sem pressa, como se o amanhã estivesse distante.
As fachadas dos prédios antigos, os recados pichados nos muros, assim como o jardim bem cuidado da casa de esquina, tudo estava ali, sempre esteve, mas naquela noite, ao som de Bob Dylan, tudo pareceu mais claro. Detalhes simples pelos quais passamos todos os dias sem darmos atenção, assim como os detalhes que deixamos escapar durante nossa vida, e que muitas vezes ficam claros somente após um momento de dificuldade, tal qual a beleza da cidade após a chuva.
Daniel Weber
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