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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pátria de chuteiras, nação dos descalços


Em meio a esse clima de Copa das Confederações, e toda a euforia que envolve a seleção brasileira, resolvi manifestar minha opinião sobre a tão sonhada Copa do Mundo de 2014, que será realizada em solo brasileiro.

Acompanhei a cobertura realizada pela mídia sobre a escolha do Brasil como país sede e toda a festa montada para comemorar o tão esperado desfecho que culminou com a oficialização do Brasil como país sede do evento. Eu, assim como grande parte do povo brasileiro, sou apaixonado por futebol e como tal, gosto muito do evento Copa do Mundo. Sem dúvida, adoraria ver a maior festa do futebol mundial em meu país, na minha cidade, poder conferir de perto grandes ídolos da bola e talvez acompanhar um clássico envolvendo duas grandes seleções. Mas várias questões se adiantam em minha cabeça e me fazem pensar: Temos condições para tal? Será o momento? Não temos obrigações mais urgentes? Quais interesses estão envolvidos neste processo?

O assunto é polêmico e naturalmente duas frentes tomam posição. De um lado, os defensores eufóricos do evento e no outro flanco, aqueles entre os quais me incluo, que questionam sua realização. Uma das situações que observo e me deixam indignado, é a tentativa de desvirtuar as opiniões contrárias como se elas representassem um coro antipatriota, de pessoas sem visão que não acreditam na capacidade brasileira e ferem de maneira impiedosa o orgulho nacional. Este argumento simplório que tenta desqualificar os argumentos contrários apelando para um sentimento patriótico irracional, me parece as estratégias utilizadas pela ditadura, nos tempos do nacionalismo exasperado. Ouço muita gente comentar que o evento trará muitos benefícios para a população, pois o evento exigirá investimentos em infra-estrutura, segurança, transportes, etc. Até onde eu sei, investimentos nestas áreas não devem ser cobrados por conta de uma copa, elas são obrigação da administração pública, dever dos governantes assumido perante a sociedade através das eleições. É quase surreal ouvir os comentários de que a copa irá trazer melhorias, obras serão feitas e a nossa vida vai mudar completamente, nada será como antes.

Frequentemente ouço alguma notícia que reforça meus temores sobre os rumos da Copa do Brasil. Certo dia estávamos conversando sofre o assunto, quando um defensor da copa comentou que as obras dos estádios de futebol seriam completamente bancadas pelo setor privado, não acarretando gastos aos governos. Passados alguns dias, li em um jornal que, dos doze estádios escolhidos para receberem os jogos da competição, somente três (entre eles o Beira-Rio) não teriam investimento público. Todos os outros receberiam dinheiro dos cofres do governo. Passados alguns dias, li que membros do governo declaravam não haver recursos para financiar a Copa no país.

Esta tendência que surge no horizonte, de que boa parte das obras destinadas ao futebol e estádios deverá ser bancada com dinheiro público, me parece um insulto se considerarmos as reais necessidades de nosso país, que insiste em se orgulhar de ser uma pátria de chuteiras, mas não se envergonha de manter uma nação de descalços.

O assunto é polêmico, o debate é amplo e eu retornarei a ele mais adiante.


Daniel Weber


Um comentário:

  1. Não so de descalços, mas de famintos e doentes!!! cade o dinheiro para a saude?

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