Idéias na rede

De fato, eu sou mesmo um cara antiquado, arcaico, tosco mesmo em se tratando de informática. Costumo me identificar como mero usuário e não escondo certo orgulho com a definição. Dia desses, estava refletindo sobre o tema, e cheguei à conclusão de que sou uma espécie em extinção, um elemento que destoa da nova ordem universal que impõe a necessidade de uma rotina virtual paralela ao mundo real nosso de cada dia. Quase todas as pessoas que conheço têm perfis no Orkut, se comunicam via MSN utilizam o MySpace ou algo que o valha. Cheguei a imaginar uma situação inusitada, onde em algum momento “Matrix” da atualidade, fosse necessário ter um perfil virtual, pertencer e interagir com o cyber espaço para definir a própria existência física do indivíduo. Sendo assim, eu não existiria!? Bom, este ainda não é o mundo real.

Não deixa de ser engraçada, a situação criada quando me despeço de alguém e ao ser perguntado, respondo não ter Orkut, nem MSN. Normalmente a reação das pessoas é de indignação: - Mas como que tu não tens Orkut? Quem tu pensa que é para não acessar o MSN! Eu me divirto com essa situação e na verdade encaro como forma de resistência à tendência que prioriza o contato virtual ao pessoal. Encontros no MSN, chats de bate papo e coisas afins não me atraem, eu prefiro a informalidade de uma mesa de bar, o local correto de se discutir e refletir sobre a vida.

O mais controverso desta postura, é que minha área de estudo é a comunicação e a utilização das mídias virtuais no processo comunicacional é fundamental e sua importância é indiscutível. Mas tudo bem, eu não disse que tinha compromisso com a coerência mesmo... À propósito, não sou contra as ferramentas virtuais de comunicação, muito pelo contrário, considero tais recursos de extrema importância, principalmente no sentido de ligar e aproximar as pessoas. O que me incomoda são o exagero na utilização do meio e a distorção de sua aplicação nas relações humanas. Para mim, mandar e-mail para comentar o resultado do futebol, estando na mesa ao lado deve ser considerado um insulto passível de represália.

Nos últimos tempos, tenho trabalhado com mídia virtual, e pude comprovar sua eficiência, rapidez e principalmente seu alcance. Apesar de ser um defensor e apreciador da mídia impressa, acredito que ambas possam conviver e se desenvolver de maneira efetiva, uma contribuindo com a outra e ambas fortalecendo o processo comunicacional da sociedade. Como estudante de comunicação, tenho observado a evolução das mídias virtuais e eletrônicas e o modo como elas têm interagido com nossa rotina. A versatilidade de sua atuação e sua ampla abrangência, garantem sua constante evolução.

Por isso, o convite para participar do projeto Idéia Bacana me deixou entusiasmado. Uma proposta de mídia virtual para tratar de assuntos variados, com liberdade e opinião é um prato cheio para qualquer projeto de jornalista como eu. Esta é uma grande oportunidade para desenvolvermos um trabalho “bacana” transformando este espaço em um canal aberto, que promova a troca de idéias, impressões e reflexões sobre o mundo real, projetados no universo virtual.