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sábado, 27 de junho de 2009

Dias de luta


Números nunca foram o meu forte e acho que a essa altura do campeonato já devo ter desenvolvido alguma incompatibilidade crônica. Durante muito tempo, tentei desviar o foco da minha falta de categoria aritmética, optando pela desculpa evasiva de duvidar da empregabilidade prática da matéria. Afinal, para que me serviriam as equações de segundo grau, os logaritmos, as expressões algébricas, etc. Claro que passados alguns anos tive de rever tais conceitos embora nunca tenha assimilado a matéria. Tenho pra mim como grande feito, o total domínio da tabuada, e até hoje lembro o drama enfrentado para decorá-la

Embora pareça desculpa de um aspirante à jornalista, sempre considerei os números, símbolos frios e sem vida, que representavam a arrogância do homem. A matemática é exata, dois mais dois são quatro e ponto, sem espaço para ponderações ou questionamentos. Já as letras sempre me pareceram mais agradáveis, afetivas e calorosas. Com as letras pode-se almejar o improvável e desenvolver a criatividade de maneira que as ciências exatas não iriam tolerar.

Lembro do último ano de curso secundário, tempo em que ainda me via em apuros acadêmicos por causa da matemática. Naquele ano, eu e alguns amigos ficamos em exame no final do ano, fato que nos obrigava a recuperar a média para alcançarmos a aprovação. Seguindo o ditado, eu tinha medo, mas não tinha vergonha. De fato, toda a turma encontrava-se em situação muito perigosa e com a iminência da formatura, a apreensão reinava absoluta. Durante a semana decisiva de provas, nós elaboramos uma estratégia para driblar a tensão daquelas manhãs. Nos reuníamos mais cedo e seguiamos até um bar localizado próximo à prefeitura, no centro de São Leopoldo, o Café do Baldo. Para começar bem o dia era necessário um café da manhã caprichado, e o bar servia a velha e clássica combinação de pastel de rodoviária com café. O pastel seguia a receita de qualquer boteco que se preze, composto de muita massa, pouca carne, meio ovo e vinha acompanhado com um café puro, forte e quente, servido nessas xícaras irritantes com alças por onde os dedos não transpassam. Ainda procuro um pastel como aquele do Café do Baldo.

E assim começavam aqueles dias de luta, que hoje são lembrados com nostalgia e reforçam minha convicção de que é improvável entender a matemática, assim como é impossível tolerar xícaras de café com alças pequenas.

Daniel Weber

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